quinta-feira, 10 de março de 2011

Reflexões acerca da qualificação profissional de deficientes

A qualificação profissional não só do deficiente como também do trabalhador passou a ocupar posição de destaque nos mais diferentes fóruns de debates, nos últimos anos.
Segundo Almeida (1999), em conseqüência das exigências da chamada “era do conhecimento”, passou-se a analisar as políticas educacionais, seus métodos e sua capacidade de propiciar a necessária formação aos indivíduos que irá capacitá-los para trabalhos futuros. O novo paradigma tecnológico exige um tipo de trabalhador diferenciado, com conhecimento mais intenso do processo produtivo em que está envolvido, capaz de tomar decisões e avaliar as repercussões de suas ações. Dessa forma, é relevante identificar e entender essas novas exigências e criar instrumentos que transfiram a esses trabalhadores, os conhecimentos necessários à sua manutenção e inclusão no mercado de trabalho, o que se torna fator imprescindível para pessoas com deficiência que lutam pela inclusão laboral.
Quando se fala em mercado de trabalho, de acordo com Bragança (1999), é necessário que se pense nas exigências que a cada dia aumentam, diante das necessidades de absorver indivíduos mais qualificados profissionalmente e de acordo com as mudanças que estão acontecendo no mundo do trabalho, sendo este fator, um dos mais importantes para impulsionar as instituições de apoio aos deficientes para o aperfeiçoamento profissional dos mesmos.
Sena (1999) relata que no processo de qualificação profissional de deficientes, poderão ser desenvolvidas desde cursos de iniciação e capacitação profissional, visita as empresas ou locais informais de trabalho, como também cursos profissionalizantes da comunidade, além de palestras e oficinas para os mesmos, envolvendo cidadania, a importância do trabalho dentre outras questões. O desenvolvimento de estágios e vivências em locais de trabalho formal ou informal faz parte do processo de qualificação, servindo como instrumento de investigação profissional para que se avaliem interesses, aptidões e habilidades, bem como sua adequabilidade às situações que exijam resistência à rotina, tolerância às possíveis frustrações e fracassos, respostas apropriadas à hierarquia, etc. No processo de qualificação profissional, é importante que se ampliem as habilidades básicas, específicas e de gestão.
É significante, segundo Sena (1999) que se estude o mercado de trabalho antes de inserir cursos obsoletos, sem que ocorra uma relação com o mercado atual. É indispensável que se pesquise informações importantes em relação ao deficiente que será capacitado e em relação ao mercado, bem como analisar as condições de empregabilidade, para a qual são exigidos do trabalhador alguns requisitos importantes como: habilidade de resolver problemas, condições de convívio social, capacidade de trabalhar em grupo, compreensão das situações do dia-a-dia, etc.
De acordo com Maciel (1991), no primeiro Congresso Nacional de Integração da Pessoa Deficiente na Força do Trabalho, realizado no Rio de Janeiro em 1981, foi sugerido que fossem abordados os seguintes aspectos em relação à qualificação profissional dos mesmos: a habilitação/qualificação, reabilitação e/ou encaminhamento profissional dos deficientes só é aceitável com a participação da comunidade e a sua participação nesta comunidade; a integração do deficiente deve ser vista como conseqüência de um trabalho para o seu desenvolvimento, no sentido da normalização do seu desempenho; é importante mobilizar a comunidade para extinguir o preconceito de que o deficiente cria problemas no trabalho; a participação do deficiente no trabalho não depende somente do nível de desenvolvimento de suas capacidades, mas também das atividades da comunidade em geral, para assentimento de suas características.
A finalidade dos programas de qualificação profissional de deficientes, conforme Maciel (1991) é permitir condições de auto-suficiência e contribuição social determinada de cada membro da sociedade. A colocação profissional do deficiente exerce um papel muito importante na integração social do mesmo, já que é a culminância dos processos de Educação e Qualificação. Os obstáculos poderiam ser suprimidos ou minimizados através da ação decisiva dos órgãos governamentais e sociedade em geral, envolvendo a efetivação de programas de preparação também de recursos humanos que operem na formação intelectual, pedagógica e profissional dos deficientes.

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