Perguntas e respostas:
- Podemos classificar o individuo surd@ como surdo-mudo ou mudinho?
R: Não! Provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência. E chamar a pessoa de “mudinho” é pejorativo, é denegrir o individuo.
- Eu não sei LIBRAS e lá em casa nos comunicamos por gestos. É verdade que se o meu filho aprender a LIBRAS não vai mais conseguir se comunicar comigo?
R: Não! Essa forma de comunicação caseira por gestos, foi a primeira experimentação que o surdo teve de comunicação e se ele está em constante contato com a sua família não esquecerá dela, alem do mais a maioria das pessoas não sabem a LIBRAS então ao longo da vida do surd@ ele terá de fazer adequações a sua comunicação quando for falar ou se dirigir a uma pessoa ouvinte.
- E correto dizer que a forma do surdo se comunicar é Gestos e Mímicas?
R: Não! A forma do surdo se comunicar se chama Língua de Sinais, aqui no Brasil chamada de LIBRAS e desde de 2002 é reconhecida como a 2ª língua oficial do nosso País.
- Se o meu filho usar o aparelho auditivo ele vai se curar da surdez e vai voltar a ouvir?
R: Não! O aparelho é paliativo, um auxiliar para que o surdo consiga ouvir os sons mais agudos.
- Surdo também é deficiente mental?
R: Em mais de 90% dos casos não! A incidência de múltiplas deficiências é muito rara.
- Os surdos conseguem se comunicar com os ouvintes fazendo leitura labial...
R: Nem sempre! Existem surdos que não conseguem aprender a leitura labial ou muitas vezes os ouvintes falam de maneira muito rápida dificultando o seu entendimento. A leitura labial é uma técnica que habilita, quando muito, a perceber apenas aspectos articulatórios da fala, da fonologia da língua. O importante e imprescindível para que o surdo se torne um cidadão capaz, ciente dos seus deveres e direitos, atuante na sociedade, que tenha conhecimento de mundo, é que ele aprenda a língua de sinais, assim ele não terá perdas, desníveis de conhecimento.
- É verdade que os surdos são muito nervosos e não gostam dos ouvintes?
R: Nãooooooooo! Para que você compreenda vamos exemplificar a seguinte situação: você vai ao Japão, mas não sabe falar a língua deles nem mesmo a escrita da língua japonesa e uma pessoa após outra começam a falar com você e você não as entende e tenta falar com elas, mas elas também não te entendem, então alguem tem a idéia de escrever algo para você... Piorou! Aqueles idiogramas não fazem nenhum sentido... COMO VOCÊ SE SENTIRIA? Só de ler já deve ter ficado “nervoso” não é? É assim que os surdos se sentem desde as suas primeiras tentativas de comunicação com os ouvintes, e os primeiros nesse caso, são seus familiares, que também estão tentando se comunicar com você... Um surdo, uma vez, que vou suprimir o nome dele apenas chama-lo de “J.” disse o seguinte: ... “Às vezes eu me sinto dentro de uma redoma de vidro, quem está fora tenta se comunicar e eu não entendo, e quando eu tento acontece o mesmo a outra pessoa não me entende, e isso me dá uma angustia muito grande!”...
Compreende porque o surdo às vezes demonstra ansiedade? Não é porque ele é nervoso, é porque ele quer se comunicar se fazer entender e nem sempre consegue ser bem sucedido... É frustrante. É por isso que quando ele encontra outro surd@ se sente tão feliz e fica naquele grupo, não é isolamento, é algo que ocorre de maneira natural, assim como se fossemos a outro país e encontrássemos um grupo de falantes da nossa língua, muito provavelmente iríamos querer nos associar com essas pessoas. Dizer que os surdos não gostam dos ouvintes é algo preconceituoso.
Bianca Nunes
Intérprete de Libras na EEB Lauro Müller e EEB Altino C. Da S. Flores
Graduanda do Curso Letras/LIBRAS - UFSC
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