Joshué Ferreira
No decorrer do semestre é comum o acadêmico passar por um assunto muitas vezes discutido: A ética. Indagações são feitas tais como: O que é ser ético? O que é ética? Dentre outros questionamentos e ideologias estudadas.
Para Valls (1993, p 7) “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando pergunta.” Não se satisfazendo com essa definição, surge uma inquietude que se faz necessário verificar a história da palavra. Etimologicamente, ela é originada do grego ethos, que significa modo de ser ou o caráter. Em Filosofia, a ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade. É uma conduta humana que se qualifica como bem ou mal e muitas vezes é associada com a moral.
Lançam-se mais duas perguntas, mas estas devem ser respondidas no fórum íntimo de cada um:
1. Até que ponto comprometo a minha ética quando realizo a prática da cola, mais conhecida por pesca, no processo de avaliação acadêmica?
2. Deixo de agir com ética quando forneço a resposta da avaliação ao meu colega de classe?
Antes de responder é preciso entender que a busca do conhecimento, por definição, envolve COMPROMISSO e RESPONSABILIADE. Para tanto, se o sujeito na universidade pratica a cola, além de negar o seu compromisso com seu saber, se comporta de maneira irresponsável com o seu futuro profissional e consequentemente deixa de ter uma atitude e uma postura ética. É válido destacar que a ética, neste caso, está vinculada a outro valor positivo para a sociedade: A HONESTIDADE. Portanto é preciso reforçar a ideia de que a cola é uma atitude negativa e pode se tornar VICIOSA E PREJUDICIAL, na formação de valores e princípios éticos.
Pensar com autonomia é pensar sozinho. Contudo, quando as coisas são apresentadas de maneira finalizada ou concluída, isso leva o sujeito que não foi educado a questionar e a refletir criticamente ao CONFORMISMO. Com a atitude da cola acontece a mesma coisa, o aluno “pescador” se torna inseguro e viciado nas ideias dos outros, e não se permite pensar com autonomia. Logo, não vive o princípio da liberdade e da emancipação intelectual. É um prisioneiro dos próprios medos e transfere para outrem a oportunidade de aprender com criticidade, tarefa tão importante para sua formação acadêmica e profissional. O sujeito viciado em pesca e conformado em receber um pensamento de outro (atores dos livros ou colegas) por meio da cola, deixa de desafiar a si mesmo e exercitar as operações de pensamento tais como: comprar, resumir, observar conceitos, classificar, organizar dados, interpretar, buscar suposições e formular hipóteses para se tornar um cárcere de si mesmo.
Se a busca pela graduação no ensino Superior é a entrada no mercado de trabalho ou ainda, a qualificação profissional, vale destacar que nas relações de trabalho o acadêmico não é valorizado pelas notas que obteve na universidade, mas pelo merecimento intrínseco de competências nas suas relações. As empresas desejam pessoas equilibradas emocionalmente, com posturas éticas nos conflitos, que garantam não só a prosperidade, mas a própria integração e a solidariedade de seus colaboradores, além dos conhecimentos e habilidades adequados num curso de formação universitária. Ou seja, não adianta o aluno tentar burlar os estudos na graduação, pois os verdadeiros testes e avaliações são realizados diariamente dentro das empresas contratantes.
A ideia central deste texto é mostrar a urgente necessidade de novas posturas dos alunos, principalmente de licenciatura, e para tentar analisar o fenômeno da cola na sala de aula. A proposta é negar que o fingir que aprendeu seja mais importante que a honestidade, bem como não aceitar que o valor da nota seja mais importante que o valor da aprendizagem. O sujeito aprende para ter novas atitudes e valores, pois quando o indivíduo aprende, ele se transforma.
Dentro da nossa premissa, alunos dos cursos de licenciatura, futuros professores, avaliadores e construtores dos instrumentos de aprendizagem, das metodologias de ensino e de todo contexto que envolve a educação devem, desde já, refletir sobre a ética e a cola na sala de aula. Conscientes como futuros profissionais da escola que precisam dar exemplos de conduta, e propor alternativas ou até investigar o fenômeno da cola na educação como um tema de estudo. Por que não?
O papel do professor, no decorrer do processo de ensino e aprendizagem, não é ser um detetive ou investigador do “crime escolar”, pronto para descobrir as mais sofisticadas fórmulas de pesca ou cola. De nada adianta o docente confiscar a avaliação do aluno “pescador” e apenas mostrar as punições aplicáveis para este “delito” se não houver uma reflexão sobre o que é ser ético, como foi indagado na introdução deste texto. Deve-se ter a clareza de que o papel do docente é o de educar, modificar o comportamento do aluno, levá-lo adiante, fazê-lo avançar não só em aspectos quantitativos (notas), mas também em aspectos qualitativos, isto é, desenvolver valores éticos positivos para a vida em sociedade e para o seu bem estar.
REFERENCIAS
VALLS, João. O que é ética? Ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
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