segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Educação para o trânsito sob a ótica da Inclusão


Nos documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais o trânsito não é indicado como tema transversal, porém é considerado como tema local, de urgência e de abrangência nacional, tendo estreitas ligações com os temas da: saúde, meio-ambiente e ética. Observem abaixo exposição do Ministério da Educação:

“O trabalho com temas sociais na escola, por tratar de conhecimentos diretamente vinculados à realidade, deve estar aberto à assimilação de mudanças apresentadas por essa realidade. As mudanças sociais e os problemas que surgem pedem uma atenção especial para se estar sempre interagindo com eles, sem ocultá-los”.

Assim, embora os temas tenham sido escolhidos em função das urgências que a sociedade brasileira apresenta, dadas as grandes dimensões do Brasil e as diversas realidades que o compõem, é inevitável que determinadas questões ganhem importância maior em uma região.

Sob a denominação de Temas Locais, os Parâmetros Curriculares Nacionais pretendem contemplar os temas de interesse específico de uma determinada realidade a serem definidos no âmbito do Estado, da cidade e/ou da escola. Uma vez reconhecida a urgência social de um problema local, este poderá receber o mesmo tratamento dado aos outros Temas Transversais.

Tomando-se como exemplo o caso do trânsito, observamos que, embora esse seja um problema que atinge uma parcela significativa da população, é um tema que ganha significação principalmente nos grandes centros urbanos, onde o trânsito tem sido fonte de intrincadas questões de natureza extremamente diversa.

Pense-se, por exemplo, no direito ao transporte associado à qualidade de vida e à qualidade do meio ambiente; ou o desrespeito às regras de trânsito e a segurança de motoristas e pedestres (o trânsito brasileiro é um dos que, no mundo, causa maior número de mortes). Assim, visto de forma ampla, o tema trânsito remete à reflexão sobre as características de modos de vida e relações sociais”.

Ora, ao trabalharmos o tema trânsito devemos considerar todas as situações, alunos com deficiência e outros sem deficiência. Considerar a cidade e orientar os alunos sem conhecer alguns detalhes coloca em risco todo o estudo proposto.

Atualmente não se separa trânsito do contexto da cidade, da mobilidade urbana, acessibilidade e da sustentabilidade. Como podemos orientar o (a) aluno (a) com deficiência a circular de modo seguro pela cidade? A orientação é a mesma para aqueles que não têm deficiência? É possível trabalhar todos ao mesmo tempo?

Dentro da ótica da educação inclusiva devemos orientar todos ao mesmo tempo, no entanto, jamais devemos relegar algumas especificidades das cidades, por exemplo, uma travessia sem rebaixamento de guia. Evidente que, para uma pessoa que utiliza cadeiras de rodas essa travessia terá um tempo maior; portanto, a orientação a ser difundida é para que a pessoa que tem deficiência ou mobilidade reduzida é atravessar quando as condições realmente sejam bastante favoráveis.

Naturalmente que, ao lado desta informação é preciso salientar que se o condutor obedecer a lei de trânsito, a travessia de qualquer pessoa, em especial daquelas com deficiência ou mobilidade reduzida, será muito mais segura, basta observarmos o preceito do art. 70, parágrafo único do CTB.

A escola de hoje deve trabalhar o trânsito não como um evento isolado, mas no contexto da mobilidade urbana.

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