segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Surdez – Tratamento, implante coclear


Painel
Mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas de audição, segundo a Organização Mundial de Saúde, apenas 40% reconhecem a doença. A falta de informação e o preconceito fazem com que a maioria demore até 6 anos para tomar uma providência, escondendo o seu problema.
O maior dilema do surdo acontece em casa. Com o tempo quem tem problemas deixa de freqüentar a mesa da família e a sala de televisão.No idoso, a surdez constitui-se um dos mais importantes fatores de desagregação social, onde observamos a depressão, tristeza, solidão e isolamento.
O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública. Trabalhos recentes demonstram que a deficiência auditiva acomete de alguma forma cerca de 70% dos idosos, pelo menos 10 milhões de pessoas em nosso país. A perda da audição é a segunda mais comum inabilidade física nos EUA, logo atrás da dor lombar.
Aproximadamente 10% da população dos EUA tem algum grau de perda auditiva, incluindo 1/3 dos americanos acima de 65 anos de idade.Definimos a perda auditiva natural do idoso, acima de 65 anos como Presbiacusia, que somado as alterações degenerativas de todo o nosso organismo, medicamentos, doenças crônicas e a história natural da vida de um indivíduo (relações inter-pessoais) torna a perda auditiva extremamente comprometedora, interferindo diretamente com a qualidade de vida.
O idoso é visto principalmente pelos familiares como confuso, desorientado, distraído, não comunicativo, não colaborador, zangado, velho e senil. Com isso, ele fica ansioso, frustrado por não entender aquilo que escuta com muita dificuldade, começa a cometer falhas, fica com raiva e acaba por se afastar da situação de comunicação. O resultado é o isolamento e a segregação.
Por todo esse quadro que observamos devemos ajudar as pessoas com problemas de audição seja idoso ou não, desmistificando, informando, levando–os a um tratamento adequado , respeitando as suas dificuldades e integrando-os novamente na sociedade.
Avaliação audiológica
A audiometria e a imitanciometria são os testes audiológicos básicos que formam o perfil audiológico, primeiro procedimento para a avaliação clínica das alterações da audição.
A avaliação da audição é subjetiva: o paciente informa se está ouvindo ou não os estímulos acústicos em diversas intensidades, nas freqüências de 250 a 8.000 Hz (por via área) e de 500 a 4.000 Hz (por via óssea).
1. A audiometria analisa quantitativamente o que o paciente escuta, o que ele entende do que se fala e detecta alterações auditivas correspondentes a problemas do ouvido externo e/ou médio (perdas auditivas condutivas), do ouvido interno, do VIII nervo e das vias auditivas (perdas neurossensoriais). Quando problemas do ouvido externo e/ou médio estão presentes simultaneamente com disfunções do ouvido interno, temos uma perda mista. A intensidade leve, moderada, severa ou profunda pode ser caracterizada em cada ouvido isoladamente. A audiometria inclui testes de reconhecimento de fala (discriminação vocal), limiar de reconhecimento de fala (SRT) e limiar de detecção de voz (LDV).
O tipo de perda auditiva mais comum em pacientes idosos é o neurossensorial, por lesão do ouvido interno ou do nervo coclear.
2. A imitanciometria ou impedanciometria avalia as condições da orelha média e da tuba auditiva à timpanometria na ausência de perfuração da membrana timpânica, os reflexos do músculo estapédio ipsi e contralaterais, que, quando precoces, sugerem afecção coclear e a fadiga do reflexo estapédico, que indica lesão retrococlear. As alterações à imitanciometria também são freqüentes em idosos.
3. Testes audiométricos avançados – Alterações dos testes audiométricos avançados são mais freqüentes em pacientes idosos do que em qualquer outra faixa etária. Constituem testes audiométricos avançados, a audiometria de altas frequências, as otoemissões acústicas, a electrococleografia, a audiometria de tronco encefálico, os potenciais auditivos de média latência, os testes de processamento auditivo central e os potenciais cognitivos (P300).
4. Os potenciais cognitivos (P300) medem a velocidade de processamento cerebral, integrando a audição com outras atividades cerebrais. Permite a caracterização do grau de envelhecimento cerebral, acompanhar a evolução de diversos problemas clínicos de cunho geriátrico, neurológico, psiquiátrico e fonoaudiológico.

1. microfone; 2.cabo do processador de voz; 3. processador de voz; 4. peça auditiva externa; 5. implante; 6. eletrodo e 7 nervo auditivo.
Tratamento
A principal medida contra a surdez é a preventiva. Nos tempos atuais é grande o nível de “poluição sonora”, desde a infância com brinquedos com altíssimos valores de decibéis, passando pela “baladas” dos jovens, atingindo os adultos com fábricas geradoras de estresse e muitos ruídos.
A adequada orientação terapêutica depende essencialmente da precisão do diagnóstico sindrômico, topográfico e etiológico. O tratamento etiológico, quando a causa é identificada, é fundamental, mas pode ser insuficiente para resolver o problema auditivo e/ou vestibular.
Na grande maioria dos casos é possível reconhecer um agente etiológico para a perda auditiva, o zumbido e/ou a tontura e, em muitos deles, é possível instituir uma terapêutica específica.
Diversos medicamentos, cirurgias, próteses auditivas, reabilitação auditiva, correção de erros alimentares e modificação de hábitos são opções para o tratamento em casos com zumbido e perda auditiva.
Atualmente um recurso que sempre deve ser estudado é o implante coclear, dispositivo eletrônico que faz a função das células ciliadas lesadas ou ausentes. Ele produz um estímulo elétrico às fibras remanescentes do nervo auditivo. Os primeiros trabalhos de pesquisa sobre os implantes cocleares começaram na França em 1957. A partir deles a tecnologia dos implantes cocleares tem sido desenvolvida desde um dispositivo somente com um eletrodo (ou canal), até um sistema complexo que transmite grande quantidade de informação sonora através de múltiplos eletrodos.

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