sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Atendimento Educacional Especializado tem processo de avaliação


A Secretaria Estadual da Educação faz processo avaliativo dos trabalhos de conclusão do curso de especialização para 49 professores no Atendimento Educacional Especializado (AEE). O processo avaliativo, ocorrido na quinta-feira (02/02/2012), faz parte de parceria entre a SEEC, a Universidade Estadual de Maringá (PR) e o Ministério da Educação.
A Rede Estadual de Ensino conta com 84 professores especialistas no AEE e disponibiliza 334 salas de recursos multifuncionais, tipos I e II, para o atendimento educacional a estudantes com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades (superdotação).
A política de "Educação Inclusiva" requer o "Atendimento Educacional Especializado", oferecendo aos alunos com deficiências as complementações específicas para sua formação e não mais a substituição do ensino regular.

Atendimento Educacional Especializado – AEE
É um serviço da Educação Especial, de caráter complementar ou suplementar, voltado para a formação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, considerando as suas necessidades específicas de forma a promover acesso, participação e interação nas atividades escolares.
Ele perpassa todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, sem substituí-los, garantindo o direito de todas as crianças, jovens e adultos à educação escolar comum. Ele constitui oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Participam do AEE os alunos que dele necessitam. O AEE é realizado no turno inverso ao da sala de aula comum.


A sala de recursos multifuncionais
É o espaço localizado na escola de Educação Básica onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado – AEE, e conta com mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade com equipamentos específicos para os professores realizarem o atendimento de educacional especializado.
A professora Márcia Peixoto, subcoordenadora de Educação Especial da SEEC, destaca o pioneirismo do Rio Grande do Norte no processo de inclusão social no Brasil. Segundo ela, o Estado é hoje referência em questões como o "serviço itinerante" e a "matrícula antecipada".
Para a educadora Aparecida Medeiros, que trabalha como professora itinerante no programa AEE, a especialização vem contribuir significativamente com o aperfeiçoamento do ensino e da aprendizagem.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O BRASIL FUGIU DA ESCOLA


Meninos e meninas tendem a ser alegres e curiosos, em qualquer parte do mundo. Mas, quando as caras feias e brigas se repetem, impedindo a felicidade do jogo de ensinar e aprender, a inocência do riso satisfeito com o mundo, algo está muito errado e preocupante. Nosso futuro encontra-se em situação de vulnerabilidade e risco. À revelia da classe professoral, muitos dos alunos teimam em não aprender e insistem em carnavalizar a aula, outrora sagrada”, ressalta o professor doutor Sérgio Kodato, autor de "O Brasil fugiu da escola.
Com a intenção de sensibilizar o leitor e engajá-lo no ideal que abraçou – a atualização e o aprimoramento do ensino público –, Kodato optou por uma abordagem direta, elencando observações a partir do que ocorre nas salas de aula, onde um número excessivo de alunos recebe educação deficiente, ministrada por professores mal remunerados e, na maior parte das vezes, desmotivados e despreparados para o exercício da profissão. Certo das potencialidades do ser humano – alheias à sua condição étnica ou social –, Kodato retrata, em "O Brasil fugiu da escola", a ausência de diretrizes e práticas voltadas para o seu despertar, ao mesmo tempo em que aponta soluções para revitalizar a vida escolar.

SÉRGIO KODATO - Graduado em Psicologia, mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano e doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Professor doutor no campus da USP de Ribeirão Preto (SP), é docente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pesquisa identifica mais um gene do autismo


Estadão
06/02/2012

Cientistas brasileiros avaliaram cromossomos de cerca de 200 pacientes.

Agência Fapesp
Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH) deram importantes passos para desvendar o mecanismo genético do transtorno do espectro autista - como é classificado atualmente o autismo.
Eles identificaram mais um dos diversos genes relacionados ao distúrbio comportamental, além de uma desordem genética que pode dar pistas para explicar a dificuldade que os autistas têm em interagir socialmente. Ligado ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o CEGH é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.
Os resultados da pesquisa foram apresentados na Escola São Paulo de Ciência Avançada: Avanços na Pesquisa e no Tratamento do Comportamento Autista, realizada no início de janeiro na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O evento, realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP, foi organizado pelo professor Celso Goyos, do Departamento de Psicologia da UFSCar, em parceria com Caio Miguel, da Universidade do Estado da Califórnia, e Thomas Higbee, da Universidade do Estado de Utah, nos Estados Unidos.
Ao estudar, nos últimos três anos, os cromossomos de cerca de 200 pacientes com autismo atendidos no CEGH, os pesquisadores brasileiros identificaram em três deles uma alteração cromossômica do tipo translocação equilibrada, isto é, a troca entre segmentos cromossômicos sem aparente perda do material genético.
Em um dos três pacientes, observou-se que essa translocação genética provocou o rompimento de um gene, chamado TRPC-6, que atua em um canal de cálcio no cérebro, controlando o funcionamento dos neurônios, em particular, das sinapses neuronais - a comunicação entre os neurônios.
“Imaginamos que, por causa desse desequilíbrio no rearranjo cromossômico dos pacientes com autismo, ele tenha uma menor quantidade dessa proteína TRPC-6, o que faz com que menos cálcio vá para os neurônios”, disse Maria Rita dos Santos e Passos-Bueno, pesquisadora do Centro de Estudos de Genoma Humano da USP, à Agência FAPESP.
“O resultado final dessa alteração genética é um neurônio menos ramificado, que realiza menos sinapses [comunicação entre neurônios]”, explicou.
De acordo com a cientista, essa translocação genética, em que metade do gene TRPC-6, localizado no cromossomo 11, migrou para o 3, aniquilando sua função, é muita rara e dificilmente é encontrada em outros pacientes com autismo.
Porém, a via de sinalização celular comprometida pela mutação de um gene relacionado ao autismo, como a observada no paciente atendido, pode ser comum a outras pessoas afetadas pelo distúrbio neurológico. “Em outros pacientes com autismo, a mutação pode estar em outro gene desta mesma via de sinalização celular”, indicou.
Tratamento personalizado
Segundo Passos-Bueno, alguns dos principais avanços no estudo do autismo nos últimos quatro anos foi a constatação de que o distúrbio neurológico está relacionado a mutações específicas em um ou dois genes, que variam de um paciente para ou outro.
Os desafios para os próximos anos serão estudar as vias de sinalização celular envolvidas pelos genes relacionados ao autismo para que se possa tentar desenvolver alternativas de tratamento.
“Precisamos investigar se os genes relacionados ao autismo de cada paciente estão envolvidos com uma ou mais vias de sinalização celular. Se estiverem envolvidos com várias vias de sinalização, será preciso desenvolver quase que uma droga por paciente. Será um tratamento personalizado”, disse.
Outro desafio a ser superado será entender o funcionamento dos genes possivelmente relacionados ao autismo identificados por seu grupo no Centro de Estudos do Genoma Humano para testar o quão semelhantes são entre eles.
Para isso, o grupo utiliza a tecnologia de iPS, que possibilita que células-tronco da polpa de dente de pacientes autistas sejam induzidas a se tornarem pluripotentes, derivando-se em células de todos os tipos, como neurônios.
Por meio de uma colaboração iniciada na pesquisa sobre o gene TRPC-6 com o brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, o grupo de pesquisa passou a dominar a técnica e a implantou no CEGH para dar continuidade ao projeto.
Os pesquisadores do centro também pretendem utilizar outros modelos mais simples para estudar o funcionamento dos genes relacionados ao autismo, como em drosófilas e peixe-zebra (Danio renio), antes de partir para modelos mais complexos, como camundongos ou a própria iPS.
“A vantagem desses modelos mais simples é a possibilidade de testar combinações de vários genes e realizar mais de uma mutação para analisar sua relação com o funcionamento neuronal a um custo relativamente mais baixo do que a iPS e o modelos utilizados”, disse Passos-Bueno.

Quem não enxerga?


Texto de Manoel Negraes

Manoel Negraes
Uma das dificuldades de locomoção enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual no dia a dia é atravessar a rua. O que parece uma ação simples para todos, para nós se mostra muito complicada, já que apresenta enormes riscos. E estes aumentam em uma sociedade onde as pessoas cada vez mais enxergam menos as outras.
É comum quem tem deficiência visual ficar parado nas esquinas esperando ajuda para atravessar a rua – sobretudo em bairros mais desertos e em horários mais tranqüilos. Porém, não é menos comum estas ficarem esperando ajuda em lugares movimentados. É incrível, mas isso acontece! Muitos pedestres passam por nós, pessoas com deficiência visual, e não oferecem ajuda.
Eu, que tenho baixa visão, percebo por muitas vezes esta atitude, mas ao mesmo tempo sinto receio em parar a pessoa para pedir ajuda. Isso porque a falta de informação em relação à baixa visão gera desconfiança. O fato de eu vê-la a faz pensar que não tenho deficiência, que estou fingindo, que quero esmola, assaltá-la etc.
Outra situação que gera esta mesma desconfiança é o fato de eu e outras pessoas com baixa visão atravessarem ruas e avenidas, sobretudo quando existe a faixa de pedestre, sem precisar de ajuda. Já escutei comentários maldosos nas duas situações, o que me faz “vestir” o papel social do cego tão esperado por todos, principalmente para assegurar minha integridade física.
No entanto, o que quero sublinhar neste texto, não é esta desconfiança e sim o fato dos outros não oferecerem ajuda. Esta falta de atitude, observada por mim nos últimos dez anos, me faz refletir sobre quem não enxerga de verdade, sobre a que ponto está o individualismo cada vez mais difundido nas escolas e na mídia. Com certeza, a distração, a pressa, o receio, a falta de educação de muitas pessoas com deficiência visual colaboram para este tipo de atitude. Mas, mesmo querendo acreditar que estes são os motivos principais da “cegueira social”, não consigo deixar de observar que a suas causas extremas são a ignorância, o individualismo e o egoísmo.
Infelizmente, a pessoa que tem esta postura pelos motivos negativos acima, é a mesma que fecha os olhos e finge dormir no ônibus para não ceder lugar. Fecha os olhos e não enxerga a miséria escancarada na janela do seu carro. Fecha os olhos e não compreende que as pessoas com deficiência não formam um grupo homogêneo e que o mundo é bonito, rico e transformador justamente porque é formado pela diversidade humana. Então, pergunto, quem não enxerga?
Manoel Negraes, 32 anos, cientista social, trabalha na Mobilização Social da Unilehu – Universidade Livre para a Eficiência Humana (Manoel@unilehu.org.br) e no Minuto da Inclusão, projeto do MID – Comunicação e Cidadania (Manoel.mid@gmail.com).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O ambiente da Escola para as crianças com Transtorno Processamento Sensorial (TPS)


Mudanças de ambiente, barulho, movimento das outras crianças, toques inesperados dos amigos podem sobrecarregar sensorialmente a criança com Transtorno Processamento Sensorial (TPS). Transtorno do processamento sensorial acontece quando as informações sensoriais do ambiente e de dentro de nossos próprios corpos não se organizado e interpretado corretamente e de forma eficiente pelo cérebro.

Dificuldade entrar na sala de aula:
- não gosta que sua mão seja guiada
- evita contato físico(beijo, abraços)
- incomoda-se com esbarrões dos colegas
- assuta-se com barulho proveniente dos colegas arrumando o material, sentando e guardando a mochila....

Estratégias:
- ser o primeiro ou o último a entrar na sala de aula
- evitar muitos toques, principalmente leves
- estabelecer a rotina para acesso a sala de aula

Sala de Aula
 - Diminuição ruidos externos/internos
- não sobrecarregar verbalmente o aluno. Frases curtas e simples
- Planejamento das atividades para diminuir materiais desnecessários
- Ajudar o aluno a manter suas carteiras organizadas pode ajudá-los não se distrair visualmente
- Rotina nas atividades (apoio visual) Painel com fotos das atividades

Lembrar: salas com grande intensidade de estimulos visuais e auditivos proporcionam distratores e assim uma maior dificuldade no aprendizado e concentração.

Hora do Lanche
 - Ambiente mais calmo
- Evita iluminação direta
- Abaixe o tom de sua voz
- Deixe ambiente visualmente mais limpo possível
- Os alimentos preferidos da criança; favorecendo uma maior interesse e aceitação


Recreio
 - Respeitar as necessidades sensoriais da criança
- Proporcionar cantos com brinquedos que as crianças possam escolher
- Trabalhar com pequenos grupos em atividades diferentes proporcionando a escola do grupo e ou atividade
- Oferecer espaços e atividades que a criança possa brincar em grupos,com um ou dois amigos ou mesmo ficar sozinha.

Saída da Sala
 - Painel da Rotina e explicar para criança o que vai ocorrer (auditiva e visual)
- Diminuir a chance de comportamento negativo eliminando os estimulos aversivos ( toques e barulho...)
- Deixar a criança carregar a sua mochila nas costas.
- A criança pode ser a primeira ou a última a deixar a sala de aula.

Fonte: Aline Momo e Claudia Silvestre; Artevidade.

PROCRASTINAÇÃO


Adiar compromissos traz alívio apenas temporário.


Quem pensa que “empurrar com a barriga” é uma característica típica e exclusiva dos brasileiros está enganado: a procrastinação –hábito de adiar tarefas- é mundial, tanto que é objeto de estudo de um grupo de pesquisa da Universidade Carleton (Canadá) e tema de vários livros nos Estados Unidos. Afinal, de acordo com os especialistas, todas as pessoas, sem exceção, procrastinam. O que varia é a freqüência com que fazem isso.

Deixar para depois não é sinal de que a preguiça ou a irresponsabilidade imperam. “Aquele que procrastina prioriza coisas menos importantes em vez de direcionar suas ações para aquilo que seria mais necessário realizar. Ele coloca diversas tarefas menores na frente”.

Mais do que uma questão de não administrar bem o tempo, o ato de procrastinar faz a pessoa viver a ilusão de que, adiando, tudo será solucionado como num passe de mágica.

O adiamento pode proporcionar um alívio temporário, uma sensação de tranqüilidade, porque a pessoa crê que tudo vai dar certo no final.
A pessoa que procrastina não se relaciona bem com o real. “A realidade assusta. Com medo, a pessoa vira uma espécie de avestruz: enfia a cabeça na terra com a esperança de aquela realidade mude”.

Mas não só a realidade que desagrada (como, por exemplo, ter de dizer a um amigo, que não será possível pagar uma dívida no prazo combinado) faz com que as pessoas adiem seus compromissos. “Quem procrastina não toma essa atitude somente em relação às situações que causam desconforto, mas também diante daquilo que lhe dá prazer”.Como exemplo uma aluna que adora escrever cartas, mas, na hora de leva-las ao correio, sempre demora alguns dias. Ela diz que não se sente inspirada. Mas desde quando é preciso inspiração para ir ao correio?

A consciência da própria mortalidade é que faz as pessoas postergarem alguma atividade, seja ela interessante ou desagradável. Se elas têm a chance de adiar alguma escolha, fazem-no porque têm a sensação de estar garantindo o dia de amanhã. É uma forma de se iludir, de tentar se tornar imortal.

Talvez por isso as pessoas idosas sejam menos afeitas ao adiamento. A experiência de ter passado por vários momentos de perda faz com que os idosos tenham mais clareza para identificar o que é prioritário ou não. E os mais saudáveis podem olhar para trás e dizer: “Muitas coisas que eu quis eu realizei, não preciso ter essa ansiedade de garantir que amanhã serei útil”.

Fase crítica – O início da vida adulta, dizem os especialistas, é o período mais crítico quando se fala em procrastinação. Na adolescência, o adiamento é conseqüência principalmente do medo de fazer alguma coisa e ser criticado. Por volta dos 24, 25 anos, a pessoa começa a ser obrigada a assumir responsabilidades que, antes, quando contava mais com o auxílio direto dos pais, podia delegar com certa facilidade.

“A pessoa sofre o impacto das muitas coisas que tem de realizar e, como ainda não tem o know-how para conciliar tudo, pode adiar decisões importantes”.

O problema é que, nesse período, se a pessoa não parar para refletir sobre os motivos do adiamento, pode fazer com que esse comportamento torne-se padrão em sua vida.

Muitas crianças acabam se tornando procrastinadoras por causa dos pais. “Se o pai diz que o filho só pode sair para brincar se arrumar o quarto antes, mas não explica a importância de priorizar as coisas, a criança vai ficar ansiosa para sair e pode não se concentrar na arrumação”.

Independentemente da fase em que a procrastinação ocorre, as conseqüências que esse hábito traz podem ir além do nível prático (como chegar atrasado a uma festa porque a compra do presente ficou para o último minuto), tendo reflexos na saúde da pessoa. A procrastinação é um problema sério, que pode causar transtornos psicológicos e atingir o nível físico.

Além de ser obrigada a arcar com as conseqüências de compromissos perdidos ou de tarefas malfeitas, a pessoa que deixa tudo para depois pode ter problemas físicos e mentais.

O sentimento de culpa é um dos que mais atingem essas pessoas. E o pior é que elas sentem culpa não pelo que fizeram, mas pelo que deixaram de fazer. Isso acaba gerando muito desgaste. Às vezes o indivíduo apresenta um quadro sério de stress, sente-se ansioso, o que pode gerar dores de cabeça, aumento na pressão arterial e problemas de estômago.

As pessoas que procrastinam sofrem com mudanças no seu comportamento psíquico, mas, muitas vezes, não percebem essas alterações, como conseqüência, a saúde física acaba sendo abalada.

Cerca de 20% da população norte-americana sofre do que se chama procrastinação crônica, que acontece quando a rotina da pessoa passa a ser bastante prejudicada pelo seu comportamento de adiar.

Conseqüências
Como acaba dependendo demais dos outros, pode estabelecer uma relação desgastante com familiares e amigos. Pode desenvolver um sentimento autodestrutivo, acreditando que tudo o que faz é ruim ou tem pouca importância. Sofre com a perda da autoconfiança, o que faz com que as ações posteriores àquelas que adiou tornem-se ainda mais difíceis de serem realizadas.

Tende a ficar ansioso quando percebe que não vai conseguir realizar aquilo a que se propôs. Quando se conscientiza de que adiou demais, pode apresentar um comportamento depressivo.

Atitudes para evitar adiamentos
Identifique motivos – Exercite o autoconhecimento e tente perceber as atitudes que você costuma adotar quando adia alguma tarefa. Pergunte-se sempre: “Porque é importante fazer isso agora? Porque deixar de fazer aquilo? Porque estou evitando resolver esse problema?”. Encare a realidade – Enfrente as situações do dia-a-dia como elas de fato se apresentam. Não tente criar a ilusão de que são mais fáceis ou menos importantes.

Calcule o Tempo – Tente não superestimar ou subestimar o tempo necessário para a realização das tarefas. Procure organizar sua agenda de modo que tenha tempo suficiente para fazer aquilo de que precisa.

Analise o ambiente – Verifique se você não está adiando as tarefas por causa das condições do ambiente em que está. Em um escritório, por exemplo, a luminosidade inadequada e o nível de ruído podem contribuir para a perda de concentração e, conseqüentemente, para a procrastinação. Isso vale também para as atividades que você tem de fazer em casa.
Permita-se errar;
Aja no lugar de pensar;
Aperfeiçoe-se;

Ajuste a agenda – Procure saber em que período do dia você é mais produtivo, aquele em que está menos cansado e mais disposto a realizar suas atividades.

ENCAMINHADO GENTILMENTE POR VERA VELASCO

Desconhecido


Fonte:http://www.psicologiapravoce.com.br/textopsi.asp?nr=698

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A inclusão social é possível, lutemos por ela


Há muito a compartilhar do complexo universo de experiências humanas que permeia a condição de pessoa com deficiência. Um manancial de vivências cotidianas que se dão através da interação com as pessoas que nos cercam, com as instituições, com as coisas da vida, ou detectadas pela introspecção na dinâmica do próprio pensar, refletir, sentir e existir. Capítulos seguidos na cronologia do tempo que não para, e observados através da perspectiva de milhões de brasileiros que reivindicam simplesmente as mesmas oportunidades conferidas aos demais cidadãos e cidadãs sem deficiência. Coisas aparentemente óbvias, simples, viáveis, mas, frequentemente, inobservadas pela falta de sensibilidade da maioria das pessoas detentoras de algum prestígio político, social ou institucional.
Algo, por exemplo, como parar para imaginar o significado do sistemático e desafiante exercício diário que fazem pessoas com seqüela neurológica de grande proporção e/ou substantiva mobilidade reduzida para se controlar, equilibrar, compreender, assimilar e assumir, que parte das suas rotinas diárias envolverão, inevitavelmente, a disponibilidade, boa vontade, consciência e solicitude de outras pessoas. Situações amenizadas para pessoas com maior independência físico-funcional e/ou econômico-financeira, mas, aparentemente inalcançáveis em determinadas ocasiões para outros mais dependentes do ponto de vista físico-funcional, ou com menor poder aquisitivo.
Atentar para o exaustivo desgaste físico, mental e emocional de milhares de crianças com lesão cerebral que enfrentam condições adversas de acessibilidade para freqüentar aulas nas escolas regulares ou especiais, ser atendidas com dignidade nas unidades de saúde, participar de eventos culturais, etc. Desgastes que se projetam no corpo de suas mães, as quais, por esforço repetitivo, desenvolvem severos problemas articulares e funcionais de coluna. Com problemas de coluna e sendo as mães dessas pessoas suas fiéis escudeiras, cuidadoras 24 horas por dia, quem as substituirão, caso impossibilitadas de fazê-lo?
Se, por um lado, pode-se pagar pelo serviço de terceiros, cuidadores ou pessoas significativas, é preciso reconhecer que todos temos compassos singulares para a divisão e compartilhamento do tempo na vida. Ritmos individuais, necessidades pessoais. Por isso, nossa relação com aqueles que compartilham o tempo, espaço e as próprias vidas conosco precisa ser pautada na empatia, procurando nos colocar no lugar deles, para perceber que todos somos possuidores de qualidades, dificuldades, limitações. O exercício do ego no sentido de cultivar respeito e harmonia nas relações que estabelecemos com outros é o desafio fundamental a ser conquistado no dia a dia.
Quando não se pode pagar quem nos acompanhe ou nos preste cuidados, a convivência pode se tornar bem mais difícil, exceto alguns casos em que o papel de cuidador é exercido pela mãe, pai e demais membros da família. Contudo, há registros, e não são raros, de familiares que humilham, espancam, negligenciam atenção, cuidados básicos, toda sorte de maus tratos sem que a vitima os denuncie por temer represálias no convívio cotidiano com os agressores. Esses vivem em verdadeiros cárceres domiciliares.
Não há como fugir da realidade cotidiana que nos impõe regras comportamentais muitas vezes além da capacidade humana comum. Não fosse a condição de dependente funcional, por exemplo, ninguém se permitiria ser ignorado em ponto de ônibus; ficar impossibilitado de sair às ruas sem se indignar com as condições de preservação/manutenção das calçadas; ser preterido em vaga de trabalho por candidato menos qualificado, porém bípede, ouvinte, ou com demais características que os diferenciam das pessoas sem deficiência.
Da mesma forma inadmissível tolerar o aviltante desrespeito imposto aos consumidores cegos, surdos, que adquirem bens de consumo e pagam os mesmos impostos pagos pelas demais pessoas, e levam para suas casas aparelhos de TV sem a garantia de desfrutar dos recursos seminais, como audiodescrição e/ou intérprete de Libras, na grade de programação das emissoras, embora estes sejam preceitos institucionalmente assegurados pela letárgica legislação brasileira.
Enfrentar a realidade das nossas inacessíveis instituições de ensino, desde as dificuldades que a criança surda tem de superar para acompanhar as demais no ensino que se intitula inclusivo, porém, não disponibilizam intérpretes de Libras para atuar junto aos estudantes surdos prestando-lhes apoio interpretativo nas classes regulares e reforço escolar complementar ao aprendizado em programações extra-turno. Pensar que milhares de crianças cegas ficam excluídas e sem a menor condição de acompanhar o rendimento das demais sem deficiência, pelo fato de não haver na maioria das nossas instituições de ensino de nível fundamental e médio, profissionais instrutores de Braile e equipamentos para este fim específico.
Conviver diariamente com manchetes de jornais, televisão e demais meios de comunicação que denunciam descasos de muitas das nossas instituições de ensino superior dos setores público e privado quanto ao descumprimento dos princípios de acessibilidade assegurados pela nossa legislação, tornando as atividades acadêmicas elencadas nos programas dos diversos cursos de graduação e pós-graduação, de estimulantes e prazerosas oportunidades de ampliação intelectiva a grandes martírios para estudantes com algum tipo de deficiência.
Recentes determinações legais dispõem sobre recursos para ampliação do número de salas de aulas com recursos multifuncionais, mas por falta de critérios para instalação das mesmas corre-se risco de não partir de consultas públicas aos órgãos e associações comunitárias, nem mesmo que sejam respeitadas orientações dos conselhos municipais de direitos das pessoas com deficiência, acabando como muitas outras vagas promessas políticas e o Erário esvaindo-se ralo abaixo. Sem atentar para os diagnósticos e recomendações elaboradas pelas legítimas representações sociais do segmento, recursos oficiais serão desperdiçados no vácuo da inoperância de milhares de gestores públicos, Brasil afora.
Identificar a falta de estrutura das nossas unidades de saúde, em todos os níveis de atendimentos, frequentemente, inacessíveis no ponto de vista arquitetônico, seja em suas áreas internas, seja em seus entornos. Ainda são inauguradas em nossos mais de 5.000 municípios, com pompa e circunstância política, algumas milhares de unidades de saúde sem contemplar fundamentais preceitos de acessibilidade dispostos na NBR 9050/2004. Pasmar-se diante da maldosa e perpetuada ausência de profissionais habilitados para a comunicação não-verbal, nos diversos setores das nossas unidades de saúde, para interagir adequadamente com surdos e lhes prestar cuidados e assistência digna.
Buscar controle interno para não se indispor diante de “imprevistos” ao sair de casa para programa de lazer e se deparar com a constatação de que o elevador plataforma está em manutenção, no caso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Assistir uma sessão de cinema sem audiodescrição, na qual o cego fica prejudicado na interpretação da totalidade da obra, ou o surdo perdido em peças sem legendas. Ainda que os surdos possam se valer da legenda para acompanhar o que os atores conversam, há que se levar em conta que o português não é sua primeira língua. Eles precisam de que lhes seja disponibilizadas janelas com recurso através de tradução simultânea em Libras.
Enfim, como pontuado no início, há muito caminho a galgar para alcançarmos patamares mais elevados em termos de inclusão social, e sermos respeitados como cidadãos normais com características diferentes, como todas as outras pessoas. Estar na vida, vivo, já nos credencia direito de reivindicar igualdade. Não há tempo a perder. Afinal, é nosso direito e constitucional. Acreditemos, lutemos por ela, pois é possível.

Prof. Dr. Wiliam César Alves Machado 

Secretário do Idoso e da Pessoa com Deficiência de Três Rios/RJ

FonteRede SACI